CLARISSA
Lilypie Baby Ticker

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Berço ou apartamento?

Pois é,

Descobri que sou... não, já sabia que era, apenas relutava em assumir. Agora a verdade veio à tona da maneira mais insidiosa possível.

Tá, parem de pensar bobagem. Estou falando em ser subdesenvolvido e totalmente dominado pelos americanos.

Talvez vocês soubessem - eu não sabia - que os berços agora são todos "padrão americano". Isso mesmo, tamanho "padrão americano". É assim que os vendedores falam e o tamanho realmente é para os babies obesos daqueles ...

PQP. Bebê brasileiro agora tem que nascer do tamanho dos bebês americanos. ENORMES! Não existe mais berço com tamanhos "normais".

O cara que morar num pombal tá ralado. Aliás, nem precisa ser desses conjuntos habitacionais. Basta um bom apartamento classe média que periga o berço não passar pela porta. Se passar, tem outro problema: onde colocar. Quem mora em ap de um quarto nem pensar em ter filhos. Goza nas coxas, é o melhor contraceptivo pra esses casos. O bebê vai dormir no meio do casal, e olhe lá, isso se a cama já não for apertada pros dois.

Dois quartos? Pega tudo aquilo que vocês passaram a vida juntando: computador, livros, esteira, cd's, aparelho de som, televisão, etc. e joga tudo fora. A menos que queiram enfiar na sala (que deve ser pequena).

Três quartos? Bom, aí a conversa começa a mudar. Estamos falando, em termos de Brasil, de gente rica. Sim, rico "C" já mora em ap de três quartos. Aí pode ter filho.

Hoje encontrei um berço. Sabem por quanto? R$2.500,00. É, era quase de ouro. Não me importaria de pagar tudo isso, não fosse ser... "padrão americano". Simplesmente não cabe no quarto, levando-se em conta o que já tem nele.

O problema está na largura. Não são necessários mais do que 60cm. O padrão americano começa em 70cm e por aí vai. Tem berço de 1m de largura. Dez centímetros faz muita diferença num quarto com cama, armário, cômodas e bidês. Ainda mais em aps "padrão brasileiro".

Berço ou apartamento? Eis a dúvida. Um ap de três quartos, bem localizado, de bom tamanho, com tudo o que se pode querer, não se encontra em seis meses (a não ser aquelas pessoas que já nasceram com o .. virado pra lua).

Depois de quinze dias correndo atrás de um berço, imagino que vou correr um mês atrás de um marceneiro que faça um berço sob medida. Vai ser outra briga, pois essa também é uma espécie em extinção, assim como o "padrão brasileiro".

Claro, a alternativa existe: berços que são feitos de barras de ferro cobertas com uma tela onde vai um colchão. Mas vamos e venhamos.

O crédito da foto vai pro Magazine Luiza. Também, não dava pra esconder...

sábado, fevereiro 26, 2005

Snif...

Pois é,

Fiquei triste. Nesse sábado façachuvafaçasolqueromaiséomeulençol, navegando por outros mares, descobri que existe um blog chamado "blogmaischatodomundo" (não vou nem dar o endereço de tão chato que é, blerghhhh). Pô! Até nisso?!! E eu que pensava que chatisse a gente nascia com ela, não precisava desenvolver.

E tem mais, tem um que se chama "A Mãe do Chato". Pode? O cara além de chato, coloca a mãe na jogada?

Preciso me especializar. Aguardem-me!

Por outro lado, como toda moeda tem seu lado bom (não as brasileiras, é claro), vi que não estou sozinho no mundo, hehehhehe.

Olha a minha carinha de tristinho, snif...:



"Menino, 1886, Antônio Rafael de Pinto Bandeira"

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Seleções do Reader's Digest

Pois é,

Uma das principais características de um chato é nunca deixar de ser chato. Ou, poderia ter dito, deixar de sê-lo, mas aí seria mais que chato; e ainda sou apenas chato.

Consegui!!! repeti a mesma palavra quatro vezes num mesmo período!

Portanto, sigo com as pausas da arrumação, folheando os achados do dia. Rearranjo a coleção da Reader's Digest, vulgarmente conhecida em português como "Seleções" {uma pausa: até agora não entendi porque os blogueiros usam asteriscos no lugar das aspas. Um dia eu chego lá. Pode ser que alguma alma piedosa que leia o blog, crie coragem e coloque algum comentário explicando.).

A Seleções já teve sua importância.



Hoje em dia não passa de mais uma das tantas publicações existentes por aí. Mas bem que eles tentam. Seguidamente recebo promoções oferendo milhares de prêmios se fizer a assinatura. Nunca gostei muito. Tenho vinte volumes que os guardo como "históricos", pois são os primeiros a serem editados no Brasil. A primeira edição, de fevereiro de 1942, ainda não achei em meio à bagunça. Pode até que a tenha perdido em tantas e tantas andanças. Mas abri a edição número 2, de março de 1942 e vejo o seguinte artigo:



Jovens "Yankees" nos Lares Sul-Americanos

por Webb Waldron

"Mas êstes rapazes são muito ben educados" disse surpreendido um peruano, referindo-se a alguns jovens norte-americanos que passavam suas férias em casas de famílias da América latina, no verão passado. "Tiram o chapéu quando encontram uma senhora, cedem-lhe o lugar e dão-lhe a primazia ao entrar numa sala! O cinema e os turistas tinham-nos dado dos americanos idéia bem diferente. Mas", continuou o peruano, "êstes jovens não se interessam por cousas exóticas, nem pelas ruínas, nem por bebidas, por nada disso; interessam-se por nós!"

"O número de latino-americanos que tiveram surpresa idêntica, durante o último estio, eleva-se a milhares. Grupos de colegiais constando de moças e rapazes norte-americanos, modestos e despretenciosos, participando intimamente da vida das famílias, contribuiram grandemente para dar ao povo da América latina uma nova concepção do 'Colosso do Norte'."

Bueno, a essas alturas e em homenagem ao 'Colosso do Norte', quase rasgo a revista, não fosse ser rara.

Sigo adiante no índice e vejo:

Carta Aberta ao Povo Japonês

por Bradford Smith

"Os reponsáveis por vossa máquina militar acabaram de atirar-vos contra nós, americanos do Norte, em uma guerra que será o conflito mais devastador de todos os tempos. Esta guerra não é vossa; já vivi muitos anos entre vós, o povo do Japão, e sei que não querieis esta guerra. Ouví mesmo dizer que muitos de vós chorastes na rua ao ter a notícia do ataque."


E segue por aí.

Na edição de maio de 1944, uma chamada para o artigo "Japonismo contra Cristianismo" diz o seguinte:

"O japonês combate a religião cristã com a mesma ferocidade com que luta contra o soldado americano."


Lá pelas tantas,

"Hoje em dia já se tornou evidente que a guerra em que o Japão se empenha é tanto contra o Cristianismo quanto contra os Estados Unidos. A doutrina cristã não admite o conceito japonês de superioridade racial, e nega a 'divindade' do imperador; além do mais, o cristianismo clama por certas reformas sociais que tenderiam a tirar a massa do povo japonês do sistema de servidão feudal em que vive, e é uma religião de esperança que incute o desejo de liberdade em milhões de orientais que os japoneses pretendem manter em escravidão pelos tempos afora.

'Os chineses nunca poderão ser dominados enquanto os cristãos continuarem a pregar sua doutrina de fé e esperança', disse um dia Jan Tsuchiya, chefe da propaganda japonesa na China. 'Precisamos acabar com essa bobagem'.

"O plano de ação dos japoneses contra o Cristianismo de há muito se tornou claro: todas as missões cristãs da China Livre devem ser arrazadas
."


E termina, com o mais interessante:

"A versão que os japoneses dão do Cristianismo é a seguinte: Cristo, um oriental, nascido no Japão, era realmente um grande profeta, visto que recebera ensinamentos do deus-imperador. Fora ao Ocidente pregar aos bárbaros, mas estes não quiseram dar-lhe ouvidos, e crucificaram-no, para depois deturpar sua doutrina. Tendo ressurgido dentre os mortos, reapareceu no Japão, onde morreu de novo, e foi enterrado (Para este fim construiram uma espécie de sepulcro.)"


O pior de tudo é que a máquina de propaganda deles continua a mesma, com ou sem Seleções...

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

A boa pulga e o mau rei

Pois é,

Acabo de arrumar na nova estante a coleção "Tesouro da Juventude", edição de 1953. Pego um volume, o XV, para dar uma descansadinha. Abro n' "O Livro dos Contos" e vejo o título aí em cima. Resolvo ler (a grafia é a da época):

"Era uma vez um rei muito mau que maltratava seus súditos, mas êstes não podiam destroná-lo, pois êle tinha um grande exército para sua defesa.

Todas as manhãs se levantava de pior humor que a noite antecedente, até que isso chegou aos ouvidos de uma pulga muito amável e de muito bons sentimentos. Nem tôdas as pulgas são assim, mas aquela tinha sido muito bem educada; pelo que só picava as pessoas quando tinha muita fome, e mesmo assim punha todo o seu cuidado em não lhes fazer grande mal.

- Vai ser difícil fazer entrar êste rei no bom caminho - disse para si a pulga. - Contudo vou tentá-lo.

Naquela noite, quando o rei começou a conciliar tranqüilamente o sono, sentiu qualquer coisa como a picada de um alfinête.

- Oh! que é isto? - gritou o rei.
- Uma pulga que quer castigar-te.
- Uma pulga? Vamos ver. Espera um pouco.

E levantando-se furioso da cama, o rei sacudiu lençóis e cobertores, mas sem poder encontrar a pulga, pela simples razão de que esta se havia escondido na barba do monarca.

Pensando tê-la afugentado, o iracundo rei tornou a deitar-se, mas assim que reclinou a cabeça na almofada, a pulga deu um salto e picou-o de novo.

- E, atreves-te a picar-me outra vez, abominável inseto? - exclamou.
- Não tens mais que o tamanho de um grãozinho de areia, e atacas os mais poderosos da terra?

A pulga, sem se incomodar sequer em responder, continuou a picar. Durante tôda a noite o rei não pôde pregar os olhos. No dia seguinte levantou-se de péssimo humor. Mandou fazer uma limpeza extraordinária e vinte sábios, armados com potentíssimos microscópios, examinaram cuidadosamente o quarto e tudo quanto nêle se encontrava."


Pra encurtar um pouco, lá pelas tantas o rei pergunta o que a pulga quer:

"- Que é isto? - gritou, ao sentir uma terrível picada.
- A pulga.
- Que queres?
- Que me obedeças e faças feliz o teu povo."


Depois de vários dias na mesma lenga-lenga, o rei resolve se entregar:

"- Entrego-me, disse em tom lastimoso o grande monarca, quando a pulga tornou a mordê-lo. - Farei tudo quanto quiseres. Fala.
- Precisas tornar feliz teu povo - exigiu a pulga.
- Que hei de fazer para conseguir? - perguntou o rei.
- Tens que abandonar imediatamente êste país.
- Posso levar comigo ao menos uma parte dos meus tesouros?
- Não! - exclamou a pulga.

Mas não querendo ser demasiado severa, a pulga permitiu ao malvado rei encher os bolsos de ouro antes de se pôr a caminho.

Então o povo constituiu-se em república, governou-se a si mesmo e chegou a ser feliz, - concluiu Vitor Hugo, acariciando os netinhos."


Dois comentários apenas:

1. Sem dúvida alguma: hahahahahahahahahaha

2. Com toda certeza: hahahahahahahahahahaha

terça-feira, fevereiro 22, 2005

O mais puro malte...

Pois é,

A belezinha da foto é produto aqui do Chato. Elaborada com o mais puro malte que a Terra já produziu. Água das Highlands, de uma fonte secreta que só aparece uma vez a cada mil anos (*). A primeira, ela, foi no milênio passado, em 1990; o(a) segundo(a) neste milênio, em 2005. Como não vou viver novamente em dois milênios (na próxima encarnação - e segundo consta, a última - vou nascer em 2457), os terrestres estarão definitivamente privados de produções iguais.

Pois a danadinha, já com as asas quase soltas pelo mundo, resolveu virtualizar-se e fazer um fotoblog. Esse que vos escreve, mais coruja impossível, resolveu dar uma forcinha e publicar o endereço dela. Tá ali do lado, junto aos Não Chatos - a Fezinha, embora, de vez em quando, ela pareça dar ares de ser uma digna sucessora desse blog. Quem sai aos seus não degenera, hehehehe.

Detalhe: não adianta tentar ler as coisas que estão escritas. Pra eles, essa língua que eu uso é morta!

(*)Não confundir a aparição da fonte com a prática. Essa é diária, ou quase...

Os Gregos

Pois é,

Nessa limpeza material que ando fazendo e que por linhas retas acaba sendo uma limpeza de espírito, encontrei o livro "Novelas Completas", de Prosper Mérimée (esse cara aí da "foto"), com tradução do Mario Quintana, 1ª edição brasileira, de 1954.

Lembro que comprei mais por causa de "Carmen", que serviu de base para a ópera de Bizet. Na época (1977) ainda tentava ouvir ópera; e essa tem, para mim, algumas das melodias mais palatáveis, se é que se pode dizer isso de algo que entra pelo ouvido. Tinha até uma propaganda da Esso com a música: "só Esso dá ao seu carro o máximo"... alguém lembra?

Abro o livro na página 423, onde começa a novela, e me deparo com uma citação escrita em grego, logo abaixo do título. Vou ao rodapé e lá vejo a seguinte tradução:

"Toda mulher é como fel; mas tem duas horas boas: uma no leito, outra por ocasião da sua morte." De Palladas, poeta grego do século V a.C. (Antologia Grega)

E dizem que os gregos eram sábios...

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Bons exemplos!

Pois é,

Fazendo o contrário da Rede Globo, que só divulga sangue e porcaria, vale aqui o registro de um bom exemplo empresarial.

Ontem, de uma hora pra outra, o gás acabou. Fazia apenas duas semanas que havia trocado. Impossível acabar. Mal e mal uso pra esquentar água pro chimarrão e fazer alguma comida (a Kaya, vamos deixar bem claro antes que eu apanhe).

Pois bem, pedimos um novo botijão. Funcionou beleza. Pagamos e o rapaz levou o botijão com problemas. Alegou que, como já havíamos utilizado, não seria possível uma simples troca. Pra não me incomodar em pleno domingo, paguei.

Pasmem! Hoje telefonaram da entrega dizendo que, como o rapaz era novo, não soube resolver o problema da forma adequada e que estavam mandando o dinheiro de volta.

Devolveram pila por pila.

Aí vai o nome pra quem mora em POA:

NAVEGANTES GÁS

Sem taxa de entrega. Seu gás em 10 minutos.

Telefone: 33748747


Bons exemplos devem ser divulgados, nem que seja pra meia dúzia de leitores!

Uma doença chamada “guardar”. (o post é longo, paciência...)

Pois é,


"Ao Jorge, num dia feliz.

Zuleika

Livramento, 3-X-1947"


Se bem me lembro, peguei esse vírus ainda bem criança. E é um vírus que te deixa um vício incurável. Guardar, guardar, guardar... Tudo, tudo, tudo de tudo.

Os que são imunes ao vírus não fazem idéia das coisas que um viciado nessa doença é capaz de guardar ao longo da vida. Como tive uma infância feliz, pois naquela época não existia televisão, Xuxa e muito menos computadores e internet, nossas brincadeiras eram, via de regra, do tipo self made. Carrinhos de lomba, pandorgas, subir em árvores, polícia e ladrão, corridas de carrinhos de plástico, cheios de areia pra dar peso e puxados por uma corda (lembro até hoje do Karmann Guia incrementado que eu tinha). Isso quando eram carrinhos; no mais das vezes eram latas de leite em pó com um cordão e que saíamos puxando como se fossemos os Sennas da época.

Outra das grandes brincadeiras eram as coleções. E é daí que vem a doença. Cresci vendo meus irmãos mais velhos fazendo coleções. Principalmente de carteiras de cigarros. Como diriam hoje, era o must da época. Como eu era “pequeno”, não podia fazer. Carteira de cigarro importado, putz, o cara que conseguia virava o herói da turma. Ninguém explica a memória, mas ta lá, guardada, a lembrança de uma carteira de Parliament que meus irmãos tinham. Filtro vazado na ponta. Era o máximo. A coisa chagou a tal ponto que inventaram a famosa frase, ao menos pra quem tem mais de 40: “Quetal Presidente, Tufuma Hollywood?” Só marca de cigarro.

E eu ali, sendo infectado pelo vírus sem saber. Sobravam para mim os álbuns de figurinhas. Mas já naquela época a divisão em castas intrafamiliares existia. Álbuns de adolescentes e álbuns de crianças. Algo como CD da Xuxa e CD do Hot Dog Xis e Pepsi, hoje em dia. Foi uma das poucas coisas que não guardei. Meus álbuns de figurinhas. Pois até o diploma do Jardim de Infância eu tenho guardado.

O que importa é que o vírus tomou conta e, alguns anos mais tarde, quando pude ao menos mandar no meu nariz, comecei a guardar coisas. A lista é enorme. É mais fácil dizer do que eu não fiz coleção ou o que eu não tenho guardado. Selos, por exemplo. A mais tradicional das coleções nunca me atraiu. De resto tenho de tudo. Verdadeiro bric-à-brac. Caixinhas de fósforos, moedas, chaveiros, canetas (a única que ainda mantenho), times de futebol de botão, etc...

Se o vício se limitasse às coleções não seria nada. O pior é que a mania de guardar se estende aos papéis. Tenho cadernos do tempo do ginásio, passando pelo científico e pelas faculdades. Milhares de papéis e livros. Só de caixa-arquivo já cheguei a ter 50. Pensei até em contratar uma arquivista para organizar tudo. Depois, pensei melhor e tomei a decisão mais correta: está indo tudo pro lixo.

É, minhas férias estão virando uma festa pros papeleiros que passam na minha rua. E mesmo assim ainda vão sobrar umas vinte caixas e algo em torno de mil livros.

Mas o mais difícil, e é aqui que queria chegar, é ter que se desfazer de tudo. Dói! E dói muito ver todas aquelas coisas inúteis serem jogadas fora. Dói decidir o que pode ser inútil em meio a toda uma meia vida, supondo, claro, que eu vá vivê-la inteira pelos padrões atuais.

Sabe aquele bilhetinho da namorada dos quinze anos? Trinta e dois anos depois, que importância tem? Não sei se muita ou nenhuma. E aí fica difícil decidir: vai ou não vai?

Foi aí que peguei uma edição argentina do Martin Fierro de 1944, capa de madeira talhada à mão. Abri e me deparei com a dedicatória que abriu o post. Foi um presente da minha mãe para o meu pai no dia do seu aniversário. Ainda eram namorados.

Se alguém tivesse jogado fora, ou eu não tivesse a doença de guardar tudo, como eu poderia saber que aquele dia foi “um dia feliz”?. Meu pai já morreu e minha mãe sofre de Alzheimer, sequer lembra quem eu sou. Mas teve, na vida, aquele dia feliz. E agora eu sei que teve. E se eu não tivesse guardado o livro? E se eu não guardar todas as coisas? E ela, será que lembra?

Ele se foi e ela se vai. E ficou o livro. Teria feito diferença se o livro tivesse ido também? E agora, fará diferença se ele se for?

Guardei por trinta e dois anos a raquete de tênis que era do meu pai. Foi pro lixo. Guardei a flâmula que ele ganhou quando saiu do comando do 3º Regimento de Cavalaria, em 1972. Fiquei com ela, vou pendurar na parede.

Devo estar no limiar entre essa e a outra. Só que a outra, por enquanto, é ir pra Cumbuco. Jogar tudo no lixo e ficar numa cabaninha...eis a questão.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Cenas...

Pois é,

Cena 1:

"...e assim se fez. A terra produziu verdura: ervas que dão semente segundo sua espécie, árvores que dão, segundo sua espécie, frutos contendo sua semente, e Deus viu que isso era bom".
"Deus disse:'Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie e assim se fez, e Deus viu que isso era bom."
"Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança. Deus os abençoou e lhes disse:'Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra.
"Deus disse: Eu vos dou todas as ervas que dão semente, que estão sobre toda a superfície da terra, e todas as árvores que dão frutos que dão semente: isso será vosso alimento. A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, Eu dou como alimento toda a verdura das plantas e assim se fez. Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia".
(Genesis 1:12-31)



Cena 2:

"O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio representado pela flora e fauna silvestres, bem assim como seu habitat, que se encontram atualmente em grave perigo, por uma combinação de fatores adversos". (Princípio 4 da Declaração de Estocolmo, Suécia 1972)


Cena 3:

"E disse Yahweh: Farei desaparecer da superfície do solo os homens que criei - e com os homens os animais, os répteis e as aves do céu - porque me arrependo de os ter feito".(Genesis 6:7)


Cena 4:

Nessa semana entrou em vigor o Protocolo de Kyoto sem que o maior poluidor do mundo o tivesse ratificado.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

I. De como D. Afonso XX, o Chato, conquistou seu reino na grande Batalha do Cantão de Santana

Pois é,

Não há rei sem reino! D. Afonso XX, o Chato, também tem o seu. E não poderia contar aqui suas aventuras sem antes descrever onde elas aconteceram.

Como historiador oficial da corte, acompanho D. Afonso XX, o Chato, desde que nasceu de parto natural, fato espantoso para a época pois, se me permitem o uso de expressões antigas, "passar a faca nas mulheres" estava na moda. Época, aliás, incerta. Futuro distante ou passado remoto. Ou ambos, pois D. Afonso XX sempre foi um homem fora do seu tempo.

Tendo completado seus quinze anos, viu-se D. Afonso XX privado da convivência paterna, por obra e graça daquele que a todos leva. Dos varões era o mais moço de três. Seguia-lhe na linhagem a donzela da família.

Como de costume e por ser o mais moço, tinha seus direitos hereditários colocados em último plano. Naquela época D. Afonso XX ainda era conhecido como D. Afonso, o Sonâmbulo, em virtude de algumas manifestações tidas por estranhas, de ocorrência noturna. Tais manifestações, inclusive, servem de explicação para outras que contarei mais adiante.

Mas foi graças a essas manifestações que D. Afonso pode travar a batalha que lhe daria a posse integral do seu reino. Como não tinha possibilidades de exercer seus direitos, a D. Afonso XX sobrou dividir seu quinhão com o irmão que lhe antecedia. Sim, pois ao primogênito coube por inteiro um vasto território para uso exclusivo. Terríveis dois anos de disputa palmo a palmo pelas terras. Nem por tantas que fossem, talvez um três por quatro, não me recordo se parsecs, anos-luz ou se metros quadrados(1).

Submetido à vassalagem do irmão, D. Afonso XX certa noite acorda, olha para o irmão e pergunta: cadê a minha carta? Como assim tua carta, tu sabes que horas são? Minha carta de motorista, oras. Eu deixei em cima da mesa! Aqui não se chama de carta. Carta se diz é no Cantão dos Quefalammina. E além do mais não tens idade de ter carteira de motorista. Não interessa, eu quero a minha carta!

E assim, por quase duas horas, a batalha desenvolveu-se. D. Afonso, o Sonâmbulo, fazendo de tudo para encontrar a sua carta de motorista. E ao pobre irmão não restou outro fazer que não fosse levantar-se e abandonar as terras. Fato consumado pouco tempo após.

Ganha a batalha, ganho o reino, ganhou também a nova alcunha: D. Afonso XX, o Chato.

No próximo capítulo “II. Onde se conta do nascimento de D.Afonso nas terras do Cantão da Maravilhosa".

(1) Parsec, ano-luz e metro quadrado eram medidas espaciais utilizadas até o século XXI. O metro quadrado foi abandonado quando a Terra atingiu os 25 bilhões de esfomeados. Parsec é a contração da frase "Parallax second" (de uma língua já morta) e servia para medir a distância entre estrelas próximas e a Terra. Ano-luz, também para medir a distância de estrelas, foi utilizada até o ano de 2457, quando a barreira da velocidade da luz foi ultrapassada.

D. Afonso XX, o Chato

Pois é,

Não é fácil carregar nomes que já pertenceram a 38 reis: Luiz Afonso. São 18 reis Luís, de França e 1 rei Luís de Portugual; 13 reis Afonso de Espanha (juntos, aí, os dos reinos de Leão e de Castela) e 6 reis Afonso de Portugal.

A começar por Afonso I, o fundador do Reino de Portugal, também conhecido como Afonso Henriques. Olha a lata da figurinha:

Espero que o meu Afonso Henrique, se vier menino é claro, seja um pouco mais, como direi, parecido com a mãe, heheehe.


Em todos os casos, o que chama a atenção é a mania de colocarem alcunhas nos reis:

  • Os “Afonso” de Portugal:
Afonso I, o Conquistador
Afonso II, o Gordo
Afonso III, o Bolonhês
Afonso IV, o Bravo
Afonso V, o Africano
Afonso VI, o Vitorioso

  • Os “Afonso” de Espanha:
Afonso II, o Casto
Afonso III, o Grande
Afonso X, o Sábio

  • Os “Luís” de França:
Luís I, o Piedoso
Luís V, o Indolente
Luís VI, o Gordo
Luís VIII, o Leão
Luís IX, esse virou santo, São Luís
Luís XIII, o Bem Amado
Luís XIV, o Rei Sol

  • O “Luís” de Portugal:
Luís, o Popular (esse foi tão popular que permaneceu o único) .


Vai daí que resolvi fazer uma proclamação: doravante este blog será do

D. AFONSO XX, o Chato.


Ajoelhem-se, vassalos!

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Direitos de imagem

Pois é,

Enquanto a tal maquininha que copia fotos (no caso, a ecografia) não fica pronta, fui devidamente, precisamente, redondamente, indubitavelmente, peremptoriamente, avassaladoramente, e ela não mente, convencido de que o pimpolho deveria ter seus direitos de imagem preservados até que completasse a maioridade e, então, decidisse, por conta própria, o que fazer a respeito.

Sempre tive por convicção que é à mãe, e somente à mãe, que cabem as decisões pelos filhos enquanto eles estiverem dentro da sua barriga. Fazê-los ou não fazê-los; tê-los ou não tê-los.

A decisão de fazê-los é sempre delas. Não há camisinha que resolva quando elas querem. Se não fizerem contigo, fazem com outro ou com um tubo de ensaio, o que é pior (a menos, claro, quando essa é a única opção pro casal). Depois que as mulheres começaram a trabalhar; depois dos bancos de esperma e dos vibradores que, hoje em dia , só faltam falar e dizer tudo aquilo que elas gostam de ouvir, vamos e venhamos, não servimos pra quase nada.

Por isso, por exemplo, não sou nem a favor nem contra o aborto. Não me cabe ter opinião sobre isso.

Não temos, os homens e quaisquer religiões, e isso é pessoal, o direito sobre o corpo da mulher, por mais que se diga que metade do que está lá dentro tenha sido feito com o meu espermatozóide.

Enfim, tudo isso pra dizer que não vai ter foto e que concordo com ela (adiantaria não? hehehehe ela vai ler mesmo...).

Do it yourself! E peça socorro…

Pois é,

Dentre tantas meias coisas que costumo fazer, como bom geminiano que sou, uma delas é brincar de genealogista. Não, não! Leia atentamente. Eu escrevi “genea” e não “gineco”. O “logia” você acertou, parabéns!

Depois de anos pesquisando e de uma sofrível página no Geocities, (pobre é isso aí), resolvi tentar “profissionalizar” um pouco a coisa toda. Registrei um site (quando estiver mais ou menos pronto eu dou o endereço) num provedor que meu amigo virtreal Bob indicou. Casualmente é o mesmo que outro amigo virtreal Gejfin estava reclamando no blog dele. Até agora, acho que por sorte, não tive problemas.

Profissionalizar e continuar pobre, eis a questã! Do it yourself, já dizia meu tataravô, que eu descobri ter nascido em 1772 no País Basco, porção francesa. Pois coloquei-me à obra de construir sozinho o tal site.

Bueno, to aprendendo HTML, Javascript, Corel e o escambau pra poder botar o dito no ar (e lá se vão minhas férias...). Já vasculhei meia internet atrás de programinhas grátis que façam qualquer coisa. Sim, pois o site vai ter e-mail com 30MB (tá bom, era o mais barato!) pros membros, fórum, chat, e sei lá mais o que inventar a minha já quase esgotada imaginação.

Portanto, RÉLPIIIIIIIIII!!!!!

Se alguém souber o endereço de algum, ou alguns sites cheios dessas coisinhas aparentemente inúteis E GRÁTIS fará um grande favor se me disser. Prometo fazer constar na página dos colaboradores (não que isso possa parecer grande coisa, eu sei...) que ainda está vazia. Quem será o primeiro?

No mais, está indo. Despacito, mas acho que vai longe...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Murphy

Pois é,

Esses dias escrevi lá na especialização, que existe somente uma lei na qual podemos acreditar piamente: a Lei de Murphy.

Se alguma coisa pode dar errado, dará.


Fui solenemente rebatido como se estivesse dizendo a maior heresia da história. Isso funciona quase como uma religião. E é, no entanto, uma lei de extrema valia para o aperfeiçoamento humano.

E não é que justo hoje, quando queria publicar a primeira foto do pimpolho, o scanner pifou?

Viva Murphy!!!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Pequenos pensamentos ou, pensamentos de alguém ainda pequeno?

XV.

Hoje papai e mamãe viram como eu sou. Sou apenas um e já tenho 1 cm. Só resta saber se menino ou menina, mas isso fica pra depois. Eles puderam ver e ouvir meu coraçãozinho, que já batia muito forte pela emoção da primeira visita deles aqui dentro. Papai disse que amanhã vai colocar minha primeira foto aqui, que é pra vocês verem, hehehehehe.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Novilíngua

Pois é,

Ainda bem que o Aurélio e o Houaiss já se foram, senão teriam muito trabalho para atualizar os seus dicionários. Encontrei esses comentários em um flog. Os links foram devidamente suprimidos. Os nomes também.

O mais interessante, é que dá para entender tudo. Comunicação e língua. Novos tempos, novilíngua.

(05/01 08:10): Oiiii, é ... como está?hein?tu e ... se passam, cm essas brincadeiras, qndo vem pra poa, hein?vizinha?Bom sabe q o que precisar estamos aí...bjokas...me manda teu msn, ou entra no ....

(05/01 13:51): Tah bem legal o flog!! e a foto tah bem engraçada!!
Falow.. Bjaum!!!

(05/01 23:26): i dae blza?! \o>
q bala a foto !!!
hehehe... ; )
passa nu meo tah?
tdo de boum p ti em 2005 !
te adoro... bjss

(06/01 10:58): Eai..a foto tri.. bem engraçada..
intao eh isso.. a gente c fala..bjus

(06/01 21:36): Isso ae ... hehehe mto engraçada a fotinho...bjuss meninaa...nos vemos por ae

(07/01 12:55): e dae guria q legal fico a fotinhuu hehehehe tah legal o flog passa no meu dpois tah...bjuxxxx

(07/01 23:35): oieeeee! bah q fotinhu sinistra! :/ sahisaiushaui
tu ta vindo pra porto neh? ve c te comunica comigo!! mtus bzinhus! =**

(08/01 21:58): Huhauhauhauhau!!!!
Q tela!!!
Ta massa, ta massa!!!
T cuida guria!!
Adoro mtuuuu vxxeee!!!!!
BJOS!!!

(08/01 22:13): Tah chuvendoooo...........eu nem acredito......ainda bem não aguentava mais akele calor q estava fazndo aki !!!!!
Hehehehehehehehehe

domingo, fevereiro 06, 2005

Procura-se!

Pois é,

Um amigo disse: “Legal esse teu blog, Chato. Perdi meia hora lendo, mas valeu a pena”.

Pago bem a quem encontrar a meia hora perdida do meu amigo. Não quero ser culpado por essa perda.

Ela tem trinta minutos e está sempre acompanhada de muitos segundos, sujeitinhos fugidios que ninguém nota. Cuidado, ela costuma passar rápido. Tão rápido que a gente só se dá conta depois que ela passou. E aí não adianta esperar, a próxima meia hora já não é mais a do meu amigo.

É fácil de identificar: conversa com todo mundo, pois está sempre buscando a meia hora que lhe falta. Meu amigo já avisou que tem outra meia hora sobrando, mas nem assim ela voltou.

Paga-se bem!

Reclames

Pois é,

Meu virtual amigo, por vezes presencial, Roberto Cohen (conhecido por alguns como "El Bob" - existem algumas variantes: 'Bob.o', 'Bob.alhão', só diz 'Bob.agem', tá de 'Bob.eira'), tem um sítio dedicado ao nosso querido Rio Grande do Sul. Tomei a liberdade - e por liberdade entenda-se sem o conhecimento dele - de colocar um link para a Página do Gaúcho. Tá logo ali, olha pra esquerda da tua tela, junto com os Não Chatos. Vai lá e dá uma olhada. O material é farto, tem de tudo nesse bolicho virtual.

Lembra de voltar pra cá depois...

Coerência

Pois é,

Não fui a Davos.
Não fui ao FSM.
Também não gastei dinheiro do povo.

sábado, fevereiro 05, 2005

Cara nova

Pois é,

Mudei o template. Não precisava avisar, eu sei. Mas como sou chato, tenho que dizer o que todos já perceberam. Também enchi o saco do meu cabelo. Passei a máquina em todo ele.

De carnaval, vacaciones y otras cositas más

Pois é,

Foi-se o tempo que eu curtia carnaval. Lembro que num desses antigos anos, cheguei a assistir ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Hoje já cheguei onde sempre quis estar: na minha casa não entra a Globo.

Quando eu chegar aos 115 anos e vierem me perguntar, como sempre fazem com quem passa dos cem anos, qual a receita da minha longevidade, não vou hesitar em dizer: não vejo a Globo há mais de 80 anos. Só fiquei sabendo que estamos no carnaval porque tive que olhar na agenda para não coincidir o início das férias com ele. Sou chato, burro não!

Também faz tempo que não vou à praia no carnaval. A gente passa o ano inteiro no meio de um mundaréu de gente. E aí, na hora de descansar vai pra onde? Pro meio do mundaréu que se mudou pra praia. Engarrafamento na ida, na praia e na volta. Fora passarmos o tempo inteiro dentro das garrafas de cerveja.

Mais engarrafamento.

Ontem fiz uma lista de todas as coisas que quero fazer nas férias. Deu vontade de cancelar. Acho que no trabalho tem menos coisas pra fazer. Só de buracos nas paredes e de parafusos a apertar contei 76. Sem contar a “ajeitadinha” que a Kaya quer dar na casa, para começar a preparar o espaço do pimpolho. Mulheres, quando começam a falar no diminutivo, pensam que estão nos enganando, fazendo-se passar por carinhosas. O que ela vai fazer é virar o ap de cabeça pra baixo. E como não pode fazer força... bidu!

Dei um jeito numa pilha de 7 livros que estão na fila de espera. Não, não sou intelectual. Não vou ficar citando nomes esquisitos de autores e de grandes pensadores da atualidade que não li e nem sei se tenho vontade de ler. Os livros são todos técnicos. Questão de atualização, sabe?

Meu Zaffari também fica tranqüilo no carnaval. Mais do que já é normalmente.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Pequenos pensamentos ou, pensamentos de alguém ainda pequeno?

XIV.

Senti um calor agora há pouco. Hehehehe, descobri o que foi. Clonaram o celular da mamãe.

Diana Krall

Pois é,

Diana Krall se apresentou em Porto Alegre esta semana. O mais absurdo (isso depende da ótica$$$$$, é claro) é que o ingresso na platéia custava R$200,00. O mezanino custava R$100,00 e, vamos e venhamos, assistir a um espetáculo desses no mezanino, é melhor rasgar logo o dinheiro.

Uma pesquisa nas lojas revela que existem 7 CD’s lançados no Brasil, incluindo o último “The girl in the other room”. Sabem por quanto os sete? Pelos mesmos R$200,00, aproximadamente. O CD “Live in Paris” custa R$38,00. Imagina quanto não deve ter custado o show em Paris. Tá certo, é uma questão de mercado. Algumas centenas contra alguns milhões.

Posso ser chato, mas não sou louco. Claro que não fui ao show. Comprei os sete CD's. Aumentei os milhões e não as centenas. A loira é simplesmente “algo”.

Troquei uma hora e pouco por mais de 7 horas pra vida inteira.

E ela está feliz. Eu também.

Horário de Verão

Pois é,

Eu gosto do horário de verão. Aliás, eu só gosto do verão. Não consigo entender gente que gosta de frio. Sempre pensei que a imagem do inferno como sendo algo quente, cheio de fogo, com caldeirões cheios d’água fervendo; o diabo com um tridente na mão, pronto para espetar algum trouxa que tenha caído por lá, era fajuta, coisa de religião...

O inferno é frio, gélido (deixa eu aproveitar: e cheio de motoqueiros fazendo barulho). Onde a vida é alegre? Nas praias quentes do mundo. O Brasil se muda pras praias no verão. Até as “não tão praias” gaúchas se enchem de gente no verão. E porque as praias gaúchas são um inferno? Porque as águas são geladas (putz, perdi meu emprego na Secretaria de Turismo!).

Santa Catarina ainda se salva pela paisagem. Linda, mas com águas geladas e cheias de paulistas. É um inferno.

Dia desses assisti a um documentário sobre a expedição de Amundsen ao pólo sul. Posso dizer, com toda certeza, que esse foi um cara que visitou o inferno por livre e espontânea vontade.

Um dia ainda crio coragem e vou mi’mbora pro Ceará. Pego a patroa e o pimpolho que está por vir e vou vender baião de dois em Cumbuco.

Tem a historinha do executivo, que depois de muitos e muitos anos, resolveu tirar férias e foi-se pro Ceará. Lá chegando, numa das tantas praias desertas e maravilhosas, encontrou um “cabra da peste” deitado na rede. Fez seu passeio e voltou para a cidade. No dia seguinte voltou à praia e viu o cabra ainda deitado na rede. Ficou intrigado. Voltou para a cidade pensando: “amanhã falo com ele, se ainda estiver por lá”.

No dia seguinte, ao chegar na praia, a cena era a mesma, o cabra deitado na rede. Aproximou-se e falou: “não tens vergonha de passar os dias inteiros aí, deitado numa rede sem fazer nada? Devias estar trabalhando, juntando dinheiro para um dia tirar férias e poder viajar e conhecer lugares bonitos como esse e não fazer nada, só ficar admirando?” Ao que respondeu o cabra: “ó xente! Mas não é isso que eu to fazendo?”

Aguardem. Qualquer dia eu vou dizer “ó xente”...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Ser chato

Pois é,

O que é ser chato?

Não sei. Perguntem para quem me chama de chato. Já aviso, como todo bom chato, que não sou chato.

Vou reproduzir a reportagem da Superinteressante sobre o assunto (edição 201 – junho 2004, de Bárbara Soalheiro, sei lá se com licença ou não, mas, pela propaganda, me sinto autorizado):

Por que existem chatos?

Os chatos existem porque existem, oras, Existem porque são chatos e são chatos porque existem. Se não existissem não seriam chatos.


Não há dúvidas: o texto aí em cima é chato! E o principal motivo é o fato de ele repetir quatro vezes as palavras ‘chato’ e ‘existem’. Qualquer situação repetitiva é difícil de suportar (parêntesis: eu sempre começo com um ‘pois é'. Isso é ser chato. Tem quem pense que isso é uma marca pessoal. Até pode ser, mas é chato pra burro...) ’A contramão da chatisse é a criatividade ‘, diz o psicanalista Raymundo de Lima. Raymundo é um estudioso de Tratado Geral dos Chatos, escrito em 1962 por Guilherme Figueiredo. ‘O livro é uma referência sobre o assunto. Além de pioneiro, fugiu da linguagem acadêmica, que é muito chata’, diz.

Figueiredo classificou diversos tipos maçantes, dando a eles nomes e explicações pseudocientíficas. O que ele não imaginava era que, em apenas algumas décadas, seria possível apontar motivos biológicos para esse estado humano. ‘A razão mais comum para a chatisse é a crise de mania, quando o sistema de recompensa – a área do cérebro responsável pelo prazer – fica superexcitado’, diz a neurologista Suzana Herculano-Hozel, da UFRJ. Durante a crise, a pessoa sente prazer em fazer ou falar a mesma coisa. ‘Ela não sabe que está sendo desagradável pois o cérebro produz a sensação de que aquilo é legal’, diz Suzana. (outro parênteses: olhai, até to achando legal só falar na gravidez e no pimpolho, heheheeh)

Mas antes de sair por aí dizendo ‘Ah! Então é por isso que (use o nome do seu conhecido mais chato) é assim!, saiba que ninguém está imune à chatisse aguda. ‘Essas crises são comuns, mas existem em várias gradações. Podem ser bem leves ou chegar ao delírio paranóico, quando a pessoa se sente Deus.’ Se você se identificou, está em vantagem considerável em relação ao resto da humanidade. Afinal, de acordo com Figueiredo, ‘os chatos não se chateiam'."

Eu não me chateio.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Alice

Pois é,

Dois trechos da Alice (Lewis Carroll) que sempre gosto de recordar:

"Mas 'glória' não significa 'um argumento arrasador", contestou Alice.
"Quando uso uma palavra", disse Humpty Dumpty num tom de desprezo, "ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique - nem mais nem menos."
"A questão", ponderou Alice, "é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes."

Através do espelho e o que Alice encontrou lá

"Pode me dizer, por favor, que caminho devo pegar?"
"Depende de para onde você quer ir", disse o gato.
"Não me importa muito onde...", disse Alice.
"Então não importa o caminho que você pegue", respondeu o gato.

Alice no País das Maravilhas