Virtuais!
Pois é,
Não me convenço dessa gente virtual. Fico pensando no quão difícil deve ser “ser virtual”. Sexta-feira, em uma aula que dou num treinamento de novos colegas, uma colega reclamou que não tem tempo para mandar uma mensagem com seus comentários a respeito de determinada situação. Será que alguém não tem três minutos para escrever um mail e mandar? Ainda mais sendo do interesse dela? E tudo gente na faixa dos 20 anos...É apavorante ver tanta juventude fora do mundo...
Pareceu meio sem sentido. Deixa eu começar de novo...
Não me convenço dessa gente virtual. Ontem, numa festa, contei que há exatos vinte anos tive a oportunidade de assistir a uma “conversa on line”. Havíamos adquirido, na empresa onde trabalhava, um ED-690. [Putz, vou abrir um parênteses e falar de história...Sim, crianças, existia um mundo antes da internet, antes dos pentiuns da vida.] Um trambolho do tamanho de um frigobar (maior até, pois hoje em dia até os frigobares (?) são pequenos). Levou quase uma semana para configurar o troço.
Na hora marcada, uma verdadeira solenidade. Presidente da empresa, diretoria, gerentes e os arigós. Repartidos entre duas salas. Uma, onde estava o trambolho. Na outra, um terminal. Clima de expectativa. Imaginem, pela primeira vez poderíamos ver uma mensagem sendo mandada de um terminal para o outro. Duas pessoas podendo conversar pelo computador. Avançadíssimo!!! 1984. Na época falava-se muito do livro do Orwell. E esse negócio de computador falando com computador gerava a maior discussão: havia os que defendiam a tese do BB (por incrível que pareça ainda tem gente assim, nos dias de hoje – tem até uma comunidade no Orkut) e, para variar, os que achavam (como eu) tudo isso o grande besteira. Enfim, grande ocasião. Estávamos presenciando os primórdios da Era da Informática. E isso há somente 20 aninhos. Idade da maioria das pessoas que andam por aí pela internet (vejam as estatísticas do Orkut: 52% tem entre 18 e 25 anos – isso se não estão mentindo).
Escrita a mensagem e....tchannn...apareceu no outro terminal!! Saí correndo para ver. Quando cheguei na outra sala todos batiam palmas. Sucesso total. “Somos uma empresa moderna...” começou a discursar o presidente. Na mesma época os arautos da informática previam o fim do uso do papel e de tantas outras coisas. Tudo o que mais se gasta hoje em dia é justamente papel para impressoras...hehehehehe e tantas outras coisas, principalmente conversa furada...
Foi rápido. Vinte anos passam voando. Tão rápido que as pessoas se esquecem que tudo começou logo ali. Hoje não há como imaginar um mundo sem computador e sem internet.
Pareceu meio sem sentido. Deixa eu começar de novo...
Não me convenço dessa gente virtual. Agem no virtual como agem no real. São avessos. Se escondem. Entram e saem das salas de aula virtuais como sempre entraram e saíram das salas reais: com medo. Do mesmo jeito que os grupinhos se formam nas salas reais, eles se formam nas salas virtuais. Não muda nada. Não se dão conta que o mundo virtual proporciona novas formas de se relacionar. São incapazes de fazer a separação: virtual-real. Acham que o que é virtual é também real e se esquecem (ou não se dão a chance) de ver que, em geral, são coisas diferentes.
Uns poucos. Uns poucos se adaptam...convivem entre o real e o virtual sem problemas...misturam os dois sem problemas. A maioria? A maioria é massa informe. Está aí simplesmente porque nasceu; e só está esperando morrer...
Pareceu meio sem sentido. Deixa eu começar de novo...