Poesia
Pois é,
Dia desses minha filha telefona desesperada. Paiêeee, a professora mandou a gente fazer uma poesia usando a palavra folha. Tipo aquelas que aparecem nos ônibus.
Como? Poesia de ônibus? É, ela até deu um exemplo. Eu não sei fazer poesia, ke ki eu faço?
E tem gente que não acredita que ser pai é padecer no paraíso...
Ke ki eu faço, nessas horas!!!??? Deixo ela perder a ilusão do super-pai ou arrisco fazer minha filha tirar um redondo zero?
Pedi um tempo pra pensar. Não pai, é pra amanhã. Faz logo e me manda pelo mail! Te espero, tchau! Só não posso dizer que ela bateu o telefone na minha cara, porque ela só faz isso quando está braba comigo.
Premido e espremido pelo tempo e pelo juramento feito há 14 anos de tentar nunca decepcioná-la (podia alegar que naquele dia ela recém era nascida e ainda não entendia português e que falei aquilo movido pela emoção da hora, e coisa e tal...e conseguir um jeito de fugir pra Fortaleza).
Mas não. Ainda por cima gosto de desafios! Fiz a poesia.
Confesso que até hoje não tive coragem de perguntar que nota ela tirou...e nem ela me disse...(maus presságios...maus presságios).
Vá lá. Ao mundo. E seja o Deus quiser...
A folha, no outono,
Sempre caída.
A folha, de pagamento,
Sempre atrasada.
Esta folha, de caderno,
Sempre vazia.
Ah! Folha vazia!
Sempre olhas para mim.
Que sei eu pra te dizer,
que sei eu pra te escrever!
Se são vazias minhas idéias,
Se estão caídas minhas canetas,
Que posso eu te dizer?