CLARISSA
Lilypie Baby Ticker

domingo, janeiro 30, 2005

Um olhar diferente

Pois é,

Gravidez e mulher parecem conceitos únicos e excludentes do demais. Tá certo, afinal é na barriga das mulheres que o bebê está e cresce.

São elas que enjoam; são elas que engordam; são elas que gastam com roupas novas a cada semana; são elas que amamentam; são elas que sentem as dores do parto. Mas, será que só elas sentem a gravidez?

Medos, preocupar-se com a formação de um filho saudável e tantas outras coisas, nada disso pertence ao mundo masculino. Será que aos homens está reservado apenas o espaço de fornecedor de cromossomos? E depois, fornecedor da pensão?

Onde ficamos nós, os “reprodutores”, na mídia e na cabeça das mulheres? Na mídia, em lugar algum; na cabeça das mulheres nem Deus sabe. Não existimos. Gravidez é coisa de mulher e pronto! Homem não sente, não tem direito a medos e temores; não pode falar que deseja um filho saudável. Não pode sentir, enfim. (não vamos generalizar...)

“Chato, para com isso, já estás bem velhinho pressas coisas...”

O pior é que as mulheres acabam acreditando nisso e reservam aos homens o papel de coadjuvantes, meras instituições mantenedoras.

Lembro-me dos debates na especialização, em que o “feminino” e o “masculino” acabavam por ser definidos pelo ato de amamentar. O materno e o paterno tinham limites nas mamas, da mulher é claro.

Dizer que um homem seria capaz de cuidar do filho, cuja mãe morrera no parto, era uma exceção e como tal deveria ser tratada. Nada mais do que a expressão do pré-conceito de que o homem não está preparado para a gravidez e para a paternidade.

Pai é para educar e colocar limites. Nada mais. Antigamente ainda tínhamos a reserva de mercado de sustentar a família. Hoje em dia nem essa reserva temos mais. Tiraram a reserva e, em compensação, nos deixaram nada.

Talvez esse seja um problema das “mulheres modernas”.

Escutei, ontem, essa ladainha toda. “Filho é da mulher”. “Homem pega suas coisas e vai embora”. “E ainda tem que brigar na Justiça pra conseguir que o FDP pague a pensão”.

Bem que dizem que as mulheres são mais machistas que os homens. Ou talvez a autora das frases nunca tenha estado de bem com a vida.

Dá pra pensar: em que medida as próprias mulheres (e falo daquelas que ainda podem pensar, não das milhões que passam fome pelo mundo afora), são impeditivas de uma maior participação dos homens? Não apenas por dizerem “isso é coisa de mãe, sai pra lá!”, mas quando não fazem nada para “mudar” a cabeça dos homens.

A mídia. A mídia poderia dar uma enorme contribuição para essa mudança, mas não faz nada nessa direção. É só bebê e mulher, além de vender roupas, móveis e tudo quanto seja petrecho imaginável. Acho que vou bancar uma revista só para pais, algo tipo “Paternidade – dicas úteis de como enfrentar”.

“Livre pensar é só pensar”, né?

Ainda mais num domingo modorrento como esse na Mui Leal e Valerosa cidade de Porto Alegre, em pleno V FSM.