Palavras
Pois é,
Ontem o Erny postou o seguinte comentário:
"Afonso
Seria marca registrada, de nós chatos, a citação de dicionários para ratificar e/ou conduzir textos.
Nos "meustextículos" seguidamente uso deste artifício. Somo chatos/abobados de dicionários?"
Já havia postado aqui uma fala de Humpty Dumpty e vou repetí-la:
Mas 'glória' não significa 'um argumento arrasador", contestou Alice.
"Quando uso uma palavra", disse Humpty Dumpty num tom de desprezo, "ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique - nem mais nem menos."
"A questão", ponderou Alice, "é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
"Quando uso uma palavra", disse Humpty Dumpty num tom de desprezo, "ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique - nem mais nem menos."
"A questão", ponderou Alice, "é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
Sabemos que apenas 7% (sete porcento) da comunicação humana se dá pela fala, isto é, pelo uso das palavras. Os outros 93% estão divididos entre as expressões do corpo e da voz. Isso significa que quem lê um post mal e porcamente perceberá, no máximo, 7% da comunicação.
Mais, lemos e ouvimos não com os olhos e ouvidos da outra pessoa, que se comunica com a gente, mas, sim, com nossos próprios olhos e ouvidos, isto é, filtramos a mensagem de acordo com os nossos padrões, tiramos dela conteúdos que a nosso interlocutor poderia querer transmitir. Esse processo se dá por deleção (em função de bloqueios pessoais, tabus, dogmas, etc., simplesmente eliminamos parte do discurso ouvido); por generalização (esta é uma tendência natural do ser humano e eu diria, até, uma necessidade: precisamos de leis gerais; reproduzimos a necessidade de um deus onisciente, onipresente e onipotente em todas as idéias que ouvimos. Tendemos a tranformar casos particulares em leis gerais) e, por fim, por distorção (em função dos nossos próprios paradigmas tendemos a valorizar alguns aspectos da mensagem em detrimento de outros - que podem ser considerados mais importantes pelo interlocutor).
Percebe-se, então, que num post - e em escritos em geral - a possibilidade de comunicar uma idéia de forma clara é bem pequena. Por essa razão uso, por vezes, do recurso ao dicionário. É que quando uso uma palavra quero que ela signifique exatamente aquilo que quero que ela signifique. Nem mais nem menos. Mostro qual a acepção estou dando a ela, para que aconteça o mínimo possível de distorções, deleções ou qualquer outro tipo de ruído.
Embora não seja escritor no sentido literário da palavra, considero de extrema importância o cuidado ao juntar palavras para comunicar uma idéia. Mesmo que blogs possam ser mais informais, por vezes podemos nos tornar algo indesejável - sem querer - pelo descuido ao usar as palavras. É muito pouco o recurso que dispomos (7%) para que não o usemos da melhor maneira possível.
Por isso o Erny tem razão: somos chatos. Mas não é esse o blog? O Chato? hehehe
Mudando de saco pra mala, estou arrumando as malas para ir pra nova casinha, lá na(o) Verbeat. Não imagnava que isso poderia causar alguma ansiedade, mas está. Sinto-me como uma criança que pela primeira vez entrega sua redação para a professora corrigir.
Sinto-me assim: o primeiro post na Verbeat a gente nunca esquece. Não posso fazer feio (já sei que são cobranças apenas pessoais, mas eu também conto, né?). Zilhões de idéias para o post inaugural. Oh! Céus, que fazer?