CLARISSA
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sábado, junho 25, 2005

Esperança

Pois é,

Se há uma única coisa de positiva no dia da entrada do inverno, é que ele representa, na realidade, o fim da caminhada do Sol em direção ao Norte. A entrada do inverno significa que o Sol começa sua viagem de volta para nós. Dia após dia acompanho esta caminhada: vejo o Sol se pôr a cada dia um pouco mais tarde, até chegar ao momento de maior tristeza, que é quando entra o Verão, pois daí em diante ele começará a se afastar de nós. É isso: o inverno, apesar do frio, é a esperança de dias mais quentes, enquanto que o verão, apesar do calor, é a certeza de dias mais frios. Há uma grande diferença.

Simplesmente detesto frio. A minha imagem do inferno é a de um lugar absolutamente frio, muito diferente dessa que anda por aí, com fogo e calor. Se as almas ardem no inferno, quero ir para lá. Quem não vive por aqui, sequer imagina o que seja passar de dez a quinze dias seguidos a uma temperatura média de 1 a 5 graus, até menos na maioria das cidades desse estado. Muitas vezes acompanhados de um Minuano que simplesmente varre o RS de oeste a leste (caso alguém ainda não saiba, o Minuano é um vento característico que desce dos Andes em direção ao mar e que, no meio do caminho, junta-se com as frentes frias vindas da Antártida - já nasce frio nos Andes, o desgraçado, e ainda se junta com frentes frias, pqp!!!).

Turistas adoram frio porque ficam apenas poucos dias nele. Pra quem fica uma semana e nunca viu frio na vida, ah!, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Veranópolis e outras, todas são lindas; a serra é linda no inverno. Não há o que se compare, nesse Brasil, com a paisagem da serra gaúcha, tanto no inverno quanto no verão. Que me perdoem os paulistas e cariocas que têm as suas.

Terra desgraçada, frio desgraçado. Tudo dói: a pele, as orelhas, o nariz, até os ossos!! Vinhos, queijos, lareira... tudo bobagem. Troco, com quem quiser, tudo isso por uma cervejinha numa praia a 30 ou mais graus o ano inteiro e ainda garanto, por um ano, o suprimento de queijos, vinhos e lenha pro vivente que topar a troca.

Tá certo, dizem que é o frio que desenvolve a humanidade, mas não vejo a hora de me mudar para qualquer lugar cuja temperatura mínima esteja sempre acima dos 27 graus. Não quero ser desenvolvido, só não quero frio. Minha única esperança é que o Sol está voltando...