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domingo, julho 03, 2005

O que eu penso sobre: simplicidade

Pois é,

Iniciando a série "O que eu penso sobre".

Segundo o Houaiss, simplicidade é um substantivo feminino que pode seignificar:

1 ausência de complicação
2 qualidade do que é simples, do que não é composto
3 comportamento natural e espontâneo, ausência de pretensão
4 caráter próprio, não alterado por elementos estranhos
5 elegância, maneira natural e simples de falar ou escrever
6 qualidade, caráter daquele que é sincero; franqueza, pureza, candura
7 ausência de luxo, de pompa, de sofisticação


De certa forma, e de uns anos pra cá, venho tentanto tornar a minha vida o mais simples possível, sem complicação alguma. O díficil é livrar-se da pretensão. Pretensão de ser o melhor seja lá no que for. A idéia deste blog era ter uma maneira natural e simples de escrever, sem luxo no template, sem sofisticação no conteúdo, mas com franqueza, pureza e candura.

Infelizmente a vida vai nos apresentando desafios. Profissionalmente, o maior desafio tem sido lidar diariamente com gente da informática, os informatas. Essa gente já nasce complicada. Devem entrar na fila da complicação umas dez vezes antes de nascer. Pena que não cabe aqui neste blog, mas fiz um trabalho, uma análise, com base na teoria do Bion sobre grupos, que se aplica perfeitamente a eles (viram? Quando a gente quer complicar até cita uns nomes diferentes). Desse convívio, no entanto, tem resultado uma coisa boa: aprimoro (treino, aumento) a minha capacidade de ter paciência. Algo como transformar limões (os informatas) em limonada (a paciência).

É difícil fazê-los pensar de uma forma que não seja a estritamente lógica. Com raríssimas exceções, são incapazes disso (via de regra, essas exceções são engenheiros que acabaram se bandeando para a informática). E sei do que estou falando: conheço por dentro, pois fiz faculdade e trabalhei por uns dez anos como analista de sistemas. Sou do tempo do "proibida a entrada de pessoas estranhas" pendurado na porta do CPD. Acompanhei toda a evolução da informática, desde os mainframes (alguém aí lembra do IBM 1130, do B6900?), passando pela revolução da microinformática, aos dias de hoje.

Um programa deve ser lógico para funcionar, eu sei. Mas daí a aplicar a lógica para a vida e para as chamadas relações interpessoais vai uma distância de muitos anos-luz. Estou pensando seriamente em sugerir a contratação do Tiagón e sua não-lineariedade para dar uma aulinhas lá pro pessoal de informática da minha instituição.

Desisti da profissão quando descobri meu caminho em busca da simplicidade. Simplicidade e informática são como água e azeite. Só que a maioria continua achando que vive dentro de um CPD, lotado de geninhos disputando beleza pra ver quem faz o melhor programa. E entenda-se por melhor programa aquele que será o mais difícil e complicado para o usuário (e, por conseqüência, o mais simples de fazer manutenção).

Aliás, essa palavrinha, usuário, não só não existe no dicionário deles, como o infomata que a pronunciar será imediatamente expulso da sociedade secreta. Gostaria, sinceramente, de conhecer alguém que trabalha em uma organização que tenha um departamento (ou qualquer outro nome) de informática que diga que goste do serviço ou dos sistemas desenvolvidos.

Tenho uma leve intuição de que simplicidade deve ser um dos atributos da liquidez. (Ainda estou pensando no assunto, não esqueci que comecei e ainda não terminei a série sobre.) Talvez ainda não saiba bem o que é, ou como é, ser líquido, mas de uma coisa eu tenho certeza absoluta: gente da informática não é liquida.