Enquanto isso, lá na China...
Pois é,
As empresas aéreas brasileiras estão quebradas. Falta de mercado? Não. Embora complexo, o problema resume-se a três linhas:
(1) A cadeia alimentar da indústria brasileira de turismo é uma das mais predadoras. De cada mil reais (número redondo para efeitos de contas) de uma passagem, sobram para as companhias (que, efetivamente, é quem nos leva de cá pra lá e de lá pra cá) algo em torno de duzentos reais. O resto vai ficando pelo caminho: agência, operadora, integradora, receptoras e mais um monte de ATRAVESSADORES (não consigo encontrar outro termo)... um verdadeiro cartel que encarece qualquer coisa que toque. E tem mais, podemos comprar passagem diretamente na companhia. Não interessa, a companhia É OBRIGADA a vender pelo mesmo preço que vais pagar na agência. Não importa o motivo da viagem: se a negócios ou puro turismo. Quem viaja a negócios, viaja sem a MÍNIMA interferência dos predadores. Sai do avião, pega um taxi e vai pro hotel que foi reservado pela secretária. Mais ninguém se intromete no assunto. No entanto, o preço é o mesmo pago por quem entra numa agência e diz: "quero ir pra Fortaleza, te vira", e só aparece no dia do embarque. Claro que, no primeiro caso, a companhia fica com tudo. Mas se fica, bem poderia dar o desconto para o usuário, mas não pode (a associação e o próprio DAC não deixam).
(2) O governo é o segundo problema. Esquece que, se quer arrecadar 100, pode fazer das seguintes maneiras:
(1 x 100),(2 x 50),(4 x 25),(5 x 20),(8 x 12,5),(10 x 10),(12,5 x 8),(20 x 5),(25 x 4),(50 x 2),(100 x 1)
Prefere, no entanto, poucos passageiros com imposto alto, do que muitos passageiros com imposto baixo. Questão cultural a ser resolvida nos próximos cem anos...
(3) Administração das empresas. Esta, é feita com base na velha teoria de que "se dá lucro, é meu; se quebrar, é uma questão social, empurra pro governo." A Vasp quebrou e está sendo necessário que a Justiça mande pagar os empregados. Não fosse isso, danem-se! É um problema social. Cinco mil pessoas desempregadas - e suas famílias - quem tem que resolver é o governo. A Varig vai pro mesmo caminho. E pior, pois todos, nos governos (seja qual for) deste país, sempre consideraram a Varig como a menina dos olhos do Brasil. Temos que defendê-la.
A passagem brasileira, considerando um mesmo percurso aéreo, é uma das mais caras do mundo. Má administração, governo e atravessadores.
Enquanto isso, lá na China, abre-se o mercado aéreo para a exploração privada. Hoje começam a operar num mercado estimado de US$230 bilhões nos próximos 20 anos (Folha de São Paulo), beneficiando inclusive a Embraer.
Ainda bem que temos o ditado: "isso é um negócio da China".