CLARISSA
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quarta-feira, março 09, 2005

Um dia especial!

Pois é,

Hoje é um dia especial. Mais que ontem, dia da mulher. Afinal, desde Eva que o mundo é delas. Talvez algumas não soubessem disso e deixaram, por alguns períodos históricos, os homens pensarem que eram os donos do mundo. Mas hoje, 9 de março, tem início a derradeira história de uma dívida. Nesse dia, em 1500, Cabral parte do porto de Lisboa para dizer ao mundo aquilo que já era sabido: as índias ficavam mais pra esquerda do mundo, e peladas como era de se esperar.

Nesse dia oficializa-se a dívida do que viria a ser chamado Brasil. Até então era problema do Cabral. Cabral, como bom brasileiro que já demonstrava ser, inventou aquilo que hoje sabemos: se deves pouco, o problema é teu; se deves muito, o problema é do banco! O problema é que os banqueiros da época já conheciam o jeito português de fazer as coisas e exigiram a hipoteca das terras a serem descobertas.

Assim, nascemos e vivemos até hoje no vermelho, sem nunca ter experimentado um segundo sequer de saldo positivo. Não bastasse isso, inúmeras outras vazes a Corôa Portuguesa foi aos bancos para bancar suas maluquices. Em 1808 o cagalhão do D. João VI faz uma das maiores dívidas ao fugir dos franceses e ao transformar uma vila podre em capital do Reino Unido. Abre os portos. Bela palhaçada. Serviu só para beneficiar a ainda instável indústria inglesa, pois que a Inglaterra foi quem pagou a fuga do cagalhão. Nossa independência custou "os olhos da cara" do novo Império. Só a Biblioteca Nacional, que ficou com todo o patrimônio português, deve ter secado de vez as Minas Gerais.

Ah! Não podíamos nos deixar dominar por esses nativos metidos a espanhóis que iam fundando paisinhos vizinhos. E dele guerra! Todas financiadas novamente pela Inglaterra, dona das terras do Império. Mais dívida.

Um pouco mais adiante, decide-se de que lado devemos ficar, ou melhor, dever. Se pros alemães ou americanos. Não foi uma questão ideológica, ou de achar que Hitler era "um homem mau que matava judeus". Não, simplesmente leiloaram, mais uma vez, o Brasil. Venceram os americanos que colocaram, em troca da CSN, mais uma penca de $$$$ na nossa dívida.

Diversos estudiosos do Brasil, todos conhecidos, sempre buscaram uma explicação para a formação do Brasil (é até título, né?). É simples: nascemos devedores e devemos até hoje. Essa é a nossa índole: a de eternos devedores.

Assim agimos na vida. Parece que sempre tem alguém nos cobrando algo. O chefe, a mulher, o amigo, o professor, a polícia, os presidentes. Por isso parece tão difícil cobrar de quem comete crimes nesse país e colocá-los na cadeia. Por isso é fácil ficar quieto quando um deputado diz que não importa não terem conseguido o aumento/roubo que queriam; agora eles vão querer equiparação com os senadores: querem um carro igual, dado pelo povo. Tranqüilo, o povo nos deve, não há de reclamar, devem estar pensando.

Mais uma hilária da nossa índole de devedores: recentemente a Polícia Federal entrou na casa do dono do Banco Santos, tadinho, e apreendeu algo em torno de R$20 milhões em obras de arte no pequeno casebre do Morumbi. Não vou nem analisar como alguém consegue ter uma mansão de 8 mil metros quadradros (casa mais terreno), avaliada em R$40 milhões, mais R$20 milhões em obras de arte, TRABALHANDO!

O que importa é que, na aparente impossibilidade de levar para outro local as obras arroladas, PASMEM!, o próprio dono foi designado como FIEL DEPOSITÁRIO.

Hoje é um dia especial, inicia-se a história de um país chamado "devo, não nego. Pago quando puder!"