CLARISSA
Lilypie Baby Ticker

sexta-feira, julho 08, 2005

Da série "O que eu penso sobre"

Pois é,

Sabem o que eu penso sobre gente que é contra o uso de células tronco, de clonagem de órgãos, de doação de órgãos, de transfusão de sangue, de tantas outras coisas que a ciência vem produzindo e que podem salvar a vida de muitos seres humanos?

Talvez essa gente não tenha se apercebido, ainda, da inexorabilidade da evolução humana, da evolução da sua produção, seja científica, seja filosófica. Aliás, a única coisa que não evolui são algumas religiões.

Se alguém me perguntasse, nessas correntes que andam por aí, qual é a cena de filme que mais representa a humanidade, não teria dúvida em dizer que é uma cena de 2001 - Uma Odisséia no Espaço: é quando o macaco pega o osso, bate-o diversas vezes no chão ameaçando os demais e, ao lançá-lo ao ar, transforma-se na espaçonave que orbita a lua.

Esta cena é de um significado múltiplo, porém único na sua essência:

1. é a descoberta de que o homem é capaz de se utilizar da natureza. É quase - se não for - uma representação bíblica do gênesis: Deus fez a natureza para que dela o homem fizesse proveito. Nessa cena o macaco descobre-se diferente da natureza, separa-se dela: toma consciência de si. É expulso do paraíso.

2. Ao tomar consciência de si, toma, também, consciência do poder sobre os demais da sua espécie. Nasce a posse, que irá evoluir para a propriedade. O que antes era apenas defesa de um território como defesa da "família", e indiretamente da espécie, passa a ser a defesa da posse derivada do poder: diferencia-se o ser do ter, que passa a determinar a evolução.

3. A posse - o ter - leva o macaco do osso à espaçonave: a evolução. A evolução material baseada no ter. Mas não para aí. Ainda temos o monolito a perseguir. A origem e fim de tudo; a continuação da evolução, daí dizer que ela é inexorável. E nos aproximamos dele, quer queiram alguns ou não.

O homem sempre será menor que a humanidade. O homem só vai parar de matar a vida quando aprender a fazer vida. Por isso não dá para entender que existam pessoas que preferem ver semelhantes morrendo a abrir mão de preceitos ético-religiosos, que se acabam quando eles - os que defendem - também acabam. É a hipocrisia querendo frear a evolução. Pobres.

O que eu penso dessa gente? Não penso, eu só espero que essa gente jamais precise, para si ou para algum familiar, dessa evolução para continuar viva. E se houver algum deus por aí, que os faça morrer lentamente de alguma doença que poderia ser curada com alguns desses avanços por eles negados.