CLARISSA
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domingo, julho 10, 2005

A mulher de 38

Pois é,

Desde que me conheço por gente venho analisando as mulheres. Como numa pesquisa científica, formulei algumas hipóteses que, com o tempo, fui testando. A pesquisa versa sobre as “variações no comportamento feminino e sua relação com a idade”. Hoje posso publicar os resultados.

A primeira conclusão é que existe, de fato, uma relação entre períodos de idade e comportamento, a saber:

13 – 15: período da descoberta da tesão. Fora algumas precoces exceções, em número cada vez maior, esse período caracteriza-se, apenas, pela insatisfação por não ser adulta o suficiente para sair dando. É o período da “mão boba”, também conhecido como “deixa eu botar a mão só um pouquinho?”. As mais ousadas arriscam um boquete, de quando em vez, no namoradinho.

15 – 18: período da perda da virgindade. Segundo as estatísticas, a maioria das meninas perde a virgindade nesse período. O que é ruim, pois vão ficar sem saber o que é sexo praticamente até os 35 anos. E por quê? Porque geralmente dão pra algum babaca um pouco mais velho e que também não manja nada do mister. Essa fase é conhecida, para os meninos, como “botei, gozei, tirei”, pois a única coisa que os marmanjos conseguem fazer é masturbar-se na menina. Algumas meninas costumam ficar com o mesmo namoradinho durante todo o período (que também é o da descoberta da paixão), pois aqui vale, para elas, o ditado: amor de pica fica.

18 – 27: período da revolta sexual. A menina entra pra faculdade e precisa mostrar pros colegas que manja de tudo, inclusive de dar, coisa que ainda não aprendeu. É uma época dúbia, pois além de ser a época de transar em pé dentro de banheiros de bares e boates é, também, a época de só querer dar pro cara que tem carro e dinheiro. É o período dos namoros de dois a três anos: as meninas investem pensando numa “relação duradoura”. Lá pelos 24 ou 25 anos descobrem que só perderam tempo: descobrem que o namoradinho da faculdade, o “futuro marido” e que só tira zero, não é um inteligente matão, é um babaca mesmo. É o período das primeiras investidas para o casamento. É a época do primeiro surto (outros virão): a idéia, ainda persistente em pleno séc. XXI, de virar “titia”, faz com que as meninas aprontem de tudo pra casar. As que conseguem hão de se arrepender para o resto da vida. Casam, botam filhos no mundo, acreditam na conversa de que o marido vai ajudar em casa, algumas largam a carreira profissional em prol da família. Setenta por cento chega aos 38 anos separada. Continuam sem saber quase nada de sexo.

28 – 35: É o período do “cafajeste”. Neste período temos dois grupos. (1) as que permaneceram solteiras e (2) as que permaneceram casadas. No primeiro grupo, a característica básica é uma relativa tranqüilidade. Geralmente já estão encaminhadas profissionalmente, têm uma razoável independência financeira, saem na hora que querem e dão pra quem quiserem dar. É quase a única fase em que a mulher pode se dar ao luxo de escolher para quem vai dar. Mas, como não tinham aprendido, ainda, a dar, via de regra, acabam se relacionando com os conhecidos “cafajestes”. De uma maneira geral, no entanto, resistem bem até os 35 anos. No segundo grupos, das casadas, a situação não é nada tranqüila. O sonho de ter uma família estável e feliz se encaminha para o brejo. Vêm as crises: a dos três e a dos sete anos. Se conseguir passar pela dos três, é quase certo que não passa pela dos sete. Via de regra, chegam aos 35 anos separadas. E com os filhos. É o período em que descobrem que casaram com cafajestes. Demora um pouco, mas acabam descobrindo que aquele joguinho de futebol com os amigos, no sábado, sempre acaba em putaria e que os arranhões nas costas não são das chuteiras de um amigo, mas das unhas de alguma baranga.

35 – 38: Este período marca o início da maior crise da mulher, e que tem seu auge aos 38 anos. Temos, também, dois grupos: as que chegaram aos 35 solteiras e as que chegaram separadas. As que permanecerem casadas nessa fase, pior sorte lhes aguarda adiante. Há um fenômeno comum: ambos os grupos, embora partindo de conjunturas diversas, acabam com o mesmo comportamento aos 38 anos. Cansadas de dar para cafajestes que só se masturbavam nelas feito adolescentes, as solteiras liberadas e independentes descobrem, nesse período, que acreditar na revolução do feminismo foi a maior furada da vida delas. Têm tudo o que querem, menos duas coisas: ainda não aprenderam sexo e estão sozinhas. Dos trinta e cinco aos trinta e oito anos, a crise só recrudesce. É, também, a fase em que algumas pensam em fazer as famosas “produções independentes”, pois chegar aos trinta e cinco sem filhos é o fim da picada. No grupo das separadas e com filhos, a crise se dá por acharem que nenhum outro homem há de querê-las, pois “quem há de agüentar minhas pestinhas?”, pensam elas, ou “homem não gosta de kit completo”. Como são frustradas no objetivo de ter uma família, saem a cata de qualquer um que faça bilu-bilu nos filhos. Dos trinta e cinco aos trinta e oito anos, a crise só recrudesce. As separadas descobrem, também, que deixar a carreira em segundo plano custou caro. Daí que o grande volume de ações de pensão alimentícia se dê nesse período: seja porque não ganham o suficiente; seja porque não ganham nada; seja simplesmente por vingança contra o FDP que a deixou na mão (mesmo que tenha sido ela a terminar, sempre há de pensar que o cara é um FDP).

38: O auge; o ano do cachorro. Afaste-se de qualquer mulher com 38 anos. Se, porventura, for inevitável (vá que você tenha bebido muito, né?), não esqueça jamais a camisinha. Não caia no conto da pílula, do DIU e de que ela está superprotegida: é lorota pra pegar você. Aqui é ponto de encontro do desespero, tanto de solteiras quanto de casadas. Durante um ano, ambas estarão “matando cachorro a grito”. Não seja um. Bares e chats estão cheios delas. Costumam andar vestidas como adolescentes. É a fase em que as separadas competem com as filhas adolescentes e as solteiras competem com as adolescentes filhas das separadas. O grito de guerra é: “qual o problema de eu andar com um homem mais moço?”. Normalmente esse “mais moço” é algum adolescente de 20 e poucos anos, que elas conheceram na academia, que é onde passam a maior parte do tempo quando não estão trabalhando ou cuidando dos filhos. Por isso continuam sem aprender sexo durante esse ano, pois quase nenhum homem, entre os 20 e 40 anos sabe trepar. Ambas querem, desesperadamente, casar. Muito importante: durante esse ano elas abandonam todo e qualquer preconceito econômico; nesse ano serve qualquer um, inclusive você, notório pé-rapado que ainda mora com a mãe.

39 – 41: Felizmente nem tudo está perdido. Passada a crise dos 38, a maioria (note que é a maioria, não todas. Portanto, um pouco de cautela nessa fase também é necessária) começa o caminho para a melhor fase da mulher. Como não conseguiu nada até agora, tanto as solteiras quanto as separadas descobrem que podem aprender um pouco mais sobre si e sobre a vida. Descobrem, finalmente, que foram mal comidas o tempo todo e que não aprenderam nada sobre o que seja esse tal de orgasmo. Aí fica bom, pois se dedicam a aprender o sexo. E chegam aos 41 como verdadeiras experts nas artes da cama. Começam a se relacionar com homens com mais de 40, pois estes já sabem como fazer uma mulher feliz na cama: descobriram que mulher é algo mais que um masturbador falante. São três anos de puro aprendizado. É o caminho para a verdadeira independência da mulher, que se completará aos 41. Já não buscam mais um homem para casar; querem alguém que as trate com dignidade, apenas. Por terem passado o ano dos 38 dentro das academias, ou caminhando nos parques, estão com o corpinho em forma. Sabem que são desejáveis e se aproveitam disso para algo mais útil do que simplesmente dar: querem aprender. E aí liberam geral, sem frescuras ou pudores de adolescentes.

42 – 45: o melhor da mulher. Ao menos na pesquisa, que se encerrou nessa fase. Mais eu não conheço. Dos 42 aos 45 a mulher está no auge de tudo. Completa, independente, dona e senhora da vida e do corpo. Aqui há um porém: é comum haver separações nessa idade. Afinal, pra quem casou nos 20, já lá se vão outros vinte de casamento. Poucos resistem a tanto tempo. Mas essas, em geral, passam uns cinco a sete anos refazendo a cabeça e a vida. Até lá já passaram dos 45 e aí não sei como ficam as coisas.

A segunda e última conclusão é, na realidade, uma dúvida: será que minha amostra foi estatísticamente relevante?