CLARISSA
Lilypie Baby Ticker

segunda-feira, março 28, 2005

A difícil arte de escolher um tema.

Pois é,

Recebi dois e-mails hoje que, a meu ver, merecem ser reproduzidos aqui. Queria, também, postar a terceira parte da história dos gatos. Postar os três seria perder os amigos que gentilmente me lêem. Já sou de escrever (e falar) muito. Tenho um amigo que reclama que meus posts são muito longos; que eu deveria colocar textos curtos, etc., etc. e tal e qual...

Não saberia fazer isso. Viram? Já estou enrolando. Bastaria colocar: recebi esse mail hoje, e copiar o tal aqui. Mas não. Gente como eu, que fala demais e junta letrinhas demais, tem dificuldade em selecionar apenas um tema, dentre tantos disponíveis (e apenas escrever um texto pequeno).

- Afonso?
- Quié, Chato?
- Fizeste esse blog para seres chato, não foi?
- Sim, e daí?
- Então, publica os três!
- Assim dicara? Logo agora que tem mais gente lendo?
- Quéqui tem? (ooops, essa fala assim é tua!)
- Sei lá, Chato. E se me acharem chato demais e não voltarem? (ooops, essa fala assim é tua!)
- Queres saber de uma coisa, Afonso?
- Uquê?
- Tu és muito chato mesmo!

Recebi esse mail e vou copiar aqui.

A VINGANÇA DO PARTO


Vinte anos. Ah, os vinte anos. De casados, claro! Casamos novos. Ela com 19 e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel, viagens, mobílias na casa alugada, prestações da casa própria e o primeiro bebê.

Anos oitenta e a moda era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha um vizinho ou amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambazinha por um preço módico.

Ela tinha vergonha, mas eu desejava eternizar aquele momento.

Irrompi na sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho.

Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir o filme. Perdi a conta das cópias que fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram o meu orgulho.

Três anos depois, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro.
Como ela categoricamente disse que não queria que eu filmasse, invadi a sala de parto mais uma vez com a câmera ao ombro. As pessoas que me conhecem sabem que havia apenas amor de pai e marido naquele ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.

Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana, invadir a sala do meu proctologista, câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata. Eu lá, com as pernas naquelas malditas braçadeiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e a mulher gritando:

- Ah! Doutoor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita a fuzilaram, mas a dor era tanta que não conseguia falar. O miserável do médico girou o dedo e eu vi o teto a dois centímetros do meu nariz. A mulher continuou a gritar, como um diretor de cinema:

- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar. Vou dar um close agora...

Alcancei um sapato na mesa e joguei na maldita.

Agora, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o reembolso.