CLARISSA
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sábado, abril 30, 2005

Código do Chato, Comentado.

Pois é,

O CHATO, no uso das atribuições que lhe confere a milloriana frase "livre pensar é só pensar", RESOLVE:

Art. 1º - A ninguém é dado escusar-se alegando o desconhecimento desse código.

Comentários.

Vale, aqui, a regra geral prevista na lei. Mesmo que o post vá, um dia, para o arquivo, azar de quem não leu. Não poderá reclamar nos comentários. Até pode, que isso aqui é livre, mas será solenemente ignorado. E depois não reclame.

Art. 2º - Não existem generalizações.

Parágrafo único. Toda expressão de idéias que induza ao leitor a pensar que ali está contida uma generalização, não é uma generalização.

Comentários.

Vamos parar com esse negócio de que toda vez que alguém escreve algo sempre ter que avisar que "não estou generalizando". Sempre, mas sempre mesmo, existem exceções. Não existem generalizações. Gente que afirma "tu estás generalizando" nada mais é do que uma pessoa que "vestiu a carapuça" e tenta se defender alegando generalização. Quem lê e não se enquadra no que está sendo dito, sabe bem que não se trata de uma generalização. O resto que procure um professor de português, um psicólogo e vá se alimentar direito. Pode ser que consiga suprir a carência que atrofiou o cérebro e não o deixa ver que generalizações não existem.

Art. 3º - Clichês são clichês, nada mais que isso.

Parágrafo único. O uso eventual de clichês, nesse blog, não representa ofensa a quem quer que seja.

Comentários.

Exemplo. Quando alguém diz que "toda loira é burra", isso é um clichê e serve apenas como tal. Não significa que realmente toda pessoa que tenha uma cobertura loira na cabeça - e seja do sexo feminino - seja realmente burra. Aplica-se, ao caso, a regra do art. 2º.

Art. 4º - Toda afirmação feita nesse blog pressupõe que:

I - o Chato teve a idéia antes;

II - o Chato está produzindo uma idéia que é fruto, resultado, de um conjunto de milhares de leituras e experiências realizadas ao longo da sua vida;

III - o Chato está citando alguém.

§ 1º - Para os raros casos do inciso I, o Chato libera qualquer pessoa para fazer o uso que bem entender sem que seja necessário citar a fonte;

§ 2º - Para os casos previstos no inciso II, o Chato dispensa-se de ficar elencando os fundamentos teóricos do seu pensamento;

§ 3º - Para os casos previstos no inciso III, o Chato previamente desculpa-se por eventuais faltas. Nessas situações, fica o autor da idéia obrigado a fazer um comentário assumindo a autoria. Caso não o faça, entende-se tácita a concordância da citação sem a fonte. O Chato compromete-se, logo que for notificado da falha, a corrigí-la.

Comentários.

O Chato não acredita em "ser original". Ninguém é original. De original só tivemos a criação do mundo. Daí pra frente só vale a lavoisiana frase "na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma". O Chato também acredita que a única desgraça do ser humano é a propriedade. A alegoria bíblica da queda do paraíso, por terem comido da "Árvore do Conhecimento" é pura balela. Adão e Eva tentaram passar uma rasteira, puxar o tapete do criador para serem "donos" do paraíso. Daí que a segunda coisa criada no mundo (a primeira foram eles) foi a propriedade (e sua irmã, a posse, que, no fundo, é a mesma coisa. Por favor, sem discussões jurídicas). Depois disso só deu m...

Por essas e outras tantas razões é que o Chato não se utiliza de licenças de sites estangeiros e nem se preocupa em colocar avisos dizendo que ninguém pode copiar o que aqui está escrito. Primeiro, porque é só o que lhe faltava, com tanta coisa boa para fazer na vida; segundo, porque não é dono de nada: se nem das besteiras que escreve, o que dirá de alguma grande contribuição que possa dar para alguém que tenha lido algo que escreveu. Há de morrer, como todos, e as idéias continuam por aí. Qual a diferença entre ser de domínio (olha a palavrinha) público daqui a 50 anos ou agora? Absolutamente nenhuma, a não ser a propriedade, que pode render uns trocos pra quem acha isso mais importante que a própria produção de conhecimento. O Chato não leva nada para o outro mundo, se é que existe. E tenta educar as filhas (sim, uma já na barriga da mãe) para que se virem "aqui e agora por si mesmas. Não fiquem esperando pelo Chato para viverem depois de adultas".

Por outro lado, o Chato incorpora ao seu conjunto de conhecimentos o post escrito por Lucia Carvalho no seu blog frankamente: Embeiçamento teórico:


"Como teve a coragem de falar alguma coisa? É essa a semente da rolha que passa a tapar as nossas bocas adultas. Passamos a acreditar que sem embasamento teórico nada pode ser dito. A nossa intuição vai para a cucuia, que diabo de intuição é essa sem embasamento nenhum? Assim nos calamos. Melhor não falar nada."


Se é que pode ter valor algum uma recomendação do Chato, ele recomenda que leiam na íntegra o post.

Por fim, isso é um blog e não uma dissertação. A César o que é de César. Sem essa de ABNT por aqui. Sempre que pode, o Chato procura citar as fontes, mas ainda é humano e sujeito a erros e esquecimentos.

Art. 5º - O Chato é generalista.

§ 1º - O Chato, embora generalista, respeita os especialistas.

§ 2º - A manifestação dos especialistas, quando em contrário a alguma idéia aqui expressada, será devidamente considerada como acréscimo aos conhecimentos generalistas do Chato.

§ 3º - A todos, e em especial aos especialistas, em conformidade com o § 2º do artigo anterior, fica dispensada a fundamentação teórica das suas manifestações nos comentários realizados.

Comentários.

O Chato respeita quem dedica a vida a determinado assunto. Que seja feliz. Com toda certeza sabe mais do que o Chato sobre o tema. O que não impede que o Chato tenha suas opiniões e que possa expressá-las. Exemplo: quando o Chato diz que "o homem é mau por natureza", não adianta contrapor com toda uma teoria ontológica e citar quinhentos filósofos que já "determinaram" que isso não é verdade (ver art. 7º). Problema deles, assim como é problema do Chato.

O Chato já foi, por exemplo, especialista em estrelas. E daí? E daí que o Chato descobriu que ia morrer especialista em estrelas. Só! Bastava apontar para o céu que o Chato dizia a idade da estrela e sua composição química. E daí? E daí, que descobriu que a vida e a Terra são muito grandes para ser um especialista. Com muito orgulho prefere conhecer um pouco de tudo do que tudo de um pouco! Respeita, no entanto, quem prefere ser especialista.

Agora, outra coisa é mostrar ao Chato que existem outras "visões de mundo". Será lido com o maior prazer e incorporado ao conhecimento. Mas é só isso. O Chato não entra em discussões.

E muito importante salientar: o Chato não quer ser melhor do que ninguém seja lá em que ramo do conhecimento for. Até mesmo naquele que se considera um especialista (???): serviço público (vejam que até hoje nunca escreveu sobre isso).

Art. 6º - O Chato:

I- lê muito, mas não vai ficar fazendo listas de livros preferidos e nem análises literárias. Entende que para isso existem os especialistas;

II- vê filmes meramente como diversão e não vai ficar fazendo listas de filmes preferidos e análises. Entende que para isso existem os especialistas;

III - tem 850 LP's e mais de 300 CD's, mas não vai ficar fazendo listas de músicas e estilos preferidos e análises. Entende que para isso existem os especialistas;

IV - gosta muito de pintura e até pinta nas horas vagas, mas não vai ficar fazendo listas de pintores prediletos e análises. Entende que para isso existem os especialistas.

V - detesta e raramente vê televisão. Por isso não vai ficar fazendo análises de programas, seriados e novelas.

VI - se tivesse coragem jogaria várias bombas:

a) na CRT1;
b) na Globo e suas congêneres;
c) na RBS e suas congêneres;
d) no jornal Zero Hora e seus congêneres, país e mundo afora;
e) em gente que acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e em homem quando diz que nunca traiu a mulher (atentar, nesse caso, ao disposto no art. 2º);
f) em todas as Câmaras, Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional;
g) em todas as Igrejas, Sinagogas, Templos e Mesquitas;
h) VETADO. (vide razões do veto nos comentários)

Comentários.

Embora não goste de fazer, o Chato entende ser da maior importância a divulgação de opiniões/análises pessoais e as recomendações feitas pelas pessoas. Muito o Chato já incorporou ao seu conhecimento por recomendações feitas em blogs. Tanto de pessoas tidas como especialistas, quanto daquelas que apenas dizem "gostei".

A relação da alínea "g" é do tipo numerus clausus, isto é, exaustiva.

Razões do veto à alínea "h": A expressão "no chiqueiro da Pe. Cacique" não é unívoca. Sabemos que diversas instituições situam-se na conhecida avenida de Porto Alegre. A qual delas estaria se referindo a alínea? Ao Asilo de Mendicidade Padre Cacique? Ao depósito de adolescentes que costumam chamar de FEBEM? Ao estádio do time de futebol Internacional? Como a referência poderia induzir, erroneamente, aos dois primeiros citados, e não, como de fato é, ao terceiro, entende-se, por bem, vetar o dispositivo. O Chato reserva-se o direito, no entanto, de jogar a bomba.

Art. 7º - Não existe verdade.

Comentários.

Bobinho(a)s. "Hããããmmm, mas Chato, o que dizes parece que dizes como sendo uma verdade". Tá, vamos sair do primário, certo? (Putz, no tempo do Chato chamava-se primário. Hoje, de tanto mudar, o Chato já nem sabe mais como se chama!). Só existe um fato: a vida. O resto é babaquice! Foi escrito "um fato" e não "uma verdade". A vida não é uma verdade, é apenas um fato.

E mais: dizer que não existe verdade é o mesmo que dizer que existem tantas verdades quantas forem as pessoas vivas no mundo. O resto é filosofia: não enche barriga de ninguém, a não ser a do autor da filosofia, se conseguir vender os livros, e do monte de egos que andam soltos por aí.

Art. 8º - O Chato não vai fazer um decálogo.

Comentários.

O Chato sabe que existem outros sistemas numéricos, com bases diferentes da decimal, em uso: o binário, o hexadecimal, a dúzia, o octal e o escambau. Por que sempre fazem decálogos? O Chato não entende a razão das pessoas imitarem Deus.

Art. 9º - O Chato reserva-se o direito de alterar esse código a qualquer momento sem prévio aviso.

Art. 10 - VETADO.

Razões do veto.

A existência de um décimo artigo caracterizaria um decálogo e, conforme o disposto no artigo 8º, o Chato disse que não faria decálogos.

RPI.

Em Porto Alegre, aos 30 dias do mês de abril de 2005.

D. Afonso XX, o Chato.

1 CRT é o antigo nome da companhia telefônica que, segundo eles pensam, atende ao RS.