Abandono
Pois é,
Aos dez anos abandonei a religião. Compreendi que a religião nada mais era que uma estrutura de poder. Muito mais do que ajudar as pessoas a compreenderem o mundo, as religiões serviam apenas para explorá-las a pretexto da fé. É assim até hoje e será para sempre.
Aos vinte anos abandonei o futebol. Compreendi que o futebol também era uma estrutura de poder. Muito mais do que um lazer para as pessoas, ou um "trabalho" dígno para os jogadores, o futebol servia apenas para enriquecer os cartolas e a imprensa, à custa de alguns jogadores "eleitos" como craques para serem notícia. E notícia até por razões em nada ligadas ao futebol. É assim até hoje e será para sempre.
Aos trinta anos abandonei a vida de solteiro e compreendi que o casamento era uma estrutura de poder. Muito mais que multiplicar, era dividir; pois é dividindo que o poder se mantém. É assim até hoje e só espero que não seja assim para sempre.
Ao quarenta anos abandonei a política. Compreendi algo que já sabia desde os dez: que a política nada mais é do que uma estrutura de poder. Muito mais do que serem representantes do povo para fazerem as leis ou executarem as ações necessárias para que tivéssemos um povo com dignidade, a política serve apenas a si mesma e àqueles que dela participam. É assim até hoje e será para sempre.
Quanto me falta para tentar não abandonar o Homem?